sexta-feira, 27 de abril de 2012

"A Queda - As últimas horas de Hitler" (Der Untergang) e seu uso em sala de aula


O filme alemão "A Queda", do diretor Oliver Hirschbiegel, narra especialmente os últimos dias da vida de Hitler: de 20 de abril de 1945, data de seu 56º aniversário, até 30 de abril de 1945, dia de sua morte. Por se tratar da vida de uma figura de extrema importância histórica e geopolítica, é notória a escolha do filme para ser mostrado em sala de aula (em especial, nas das de disciplinas como história e geografia). Claro, é evidente existirem inúmeros outros filmes sobre a temática que podem ser utilizados pelos professores, no entanto, a escolha daquele como exemplo é proposital, por possuir vários detalhes que podem gerar diversas outras discussões que não estão diretamente relacionadas às disciplinas em questão, mas que são interessantes para a exposição em sala de aula, dentro da moderna proposta didática de intertextualidade entre os diversos campos de conhecimento. 

Em primeiro lugar, não se deve deixar de lado o fato do filme não ser estadunidense, não estar inserido no circuito hollywoodiano e, apesar disso, ter tido grande destaque no mundo inteiro. O filme alemão concorreu ao Oscar -mais conhecido prêmio do Cinema - na categoria de Melhor Filme Estrangeiro e ganhou diversos outros prêmios pela excelente atuação do ator Bruno Ganz na  interpretação do personagem Hitler.

Atuação merecidíssima de prêmios, diga-se de passagem. O ator suíço é extremamente convincente e é, portanto, um dos principais elementos que tornam o filme tão magnetizante.  Além da semelhança física, o ator incorpora os gestos, entonações e jeito tão peculiares do ditador alemão e que, como era de se esperar, foram fruto de muito estudo de personagem, levando o ator a estudar o sotaque da região onde o Führer nasceu e conhecer pessoas que possuem a Doença de Parkinson, que Hitler portava.

Outro fator que contribui para o sucesso do filme é a trilha sonora quase inexistente, transformando a película - associada às excelentes atuações, além dos cenários e figurinos bastante fieis ao período histórico - em uma obra quase documental.

Não impedindo, todavia, de instigar discussões. A polêmica dá-se, em especial, pelo modo humanizado com o qual o ditador é retratado e que, apesar de toda sua maldade e psicopatia, ainda reservava tempo para fazer carinho no seu cachorro ou mesmo mostrar empatia para com algumas pessoas próximas, como sua futura esposa Eva Braun e com Goebbels, ministro da Propaganda do regime nazista. Alguns podem tender a analisar o filme como uma tentativa de amenizar o lado maligno do Führer, entretanto, a narrativa não se resume a isso, por expor sua forma agressiva de lidar com seus subordinados e mostrar, em contraposição às passagens do filme que ocorre dentro do bunker, o caos no qual, do lado de fora, a Alemanha se encontrava. Mostrar Hitler como um personagem que, por ser humano, tem as mais diversas nuances, apenas reforça o aspecto da peça de arte, que é o filme, tentar ser fiel à visão que aqueles que produziram o filme tem da realidade.
         
   E é exatamente esse livrar-se de preconceitos e tentar enxergar as pessoas e situações dos mais diversos pontos de vista – sem, todavia, perder o bom senso ou ficar cego mesmo (e devido) com tantas informações – que a apresentação de um filme como “A Queda” torna-se extremamente interessante para os alunos e professores.
            
 A sala de aula, seja ela das escolas ou nas universidades, não pode e não deve tornar-se um bunker (instalação fortificada da arquitetura militar), mas sim, ser um espaço democrático voltado para o diálogo e transmissão de conhecimentos e valores, cujos professores não são ditadores.

Texto por Raquel Assunção 

Apresentação no Prezi: http://prezi.com/opbvmmtfjmu8/copy-of-a-queda-as-ultimas-horas-de-hitler/?res_nr=3&sis=1813798866

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