O filme alemão "A Queda", do diretor
Oliver Hirschbiegel, narra especialmente os últimos dias da vida de Hitler: de
20 de abril de 1945, data de seu 56º aniversário, até 30 de abril de 1945, dia
de sua morte. Por se tratar da vida de uma figura de extrema importância
histórica e geopolítica, é notória a escolha do filme para ser mostrado em sala
de aula (em especial, nas das de disciplinas como história e geografia). Claro,
é evidente existirem inúmeros outros filmes sobre a temática que podem ser
utilizados pelos professores, no entanto, a escolha daquele como exemplo é
proposital, por possuir vários detalhes que podem gerar diversas outras
discussões que não estão diretamente relacionadas às disciplinas em questão, mas
que são interessantes para a exposição em sala de aula, dentro da moderna
proposta didática de intertextualidade entre os diversos campos de
conhecimento.
Em primeiro
lugar, não se deve deixar de lado o fato do filme não ser estadunidense, não
estar inserido no circuito hollywoodiano e, apesar disso, ter tido grande
destaque no mundo inteiro. O filme alemão concorreu ao Oscar -mais conhecido
prêmio do Cinema - na categoria de Melhor Filme Estrangeiro e ganhou diversos
outros prêmios pela excelente atuação do ator Bruno Ganz na interpretação do personagem Hitler.
Atuação
merecidíssima de prêmios, diga-se de passagem. O ator suíço é extremamente
convincente e é, portanto, um dos principais elementos que tornam o filme tão
magnetizante. Além da semelhança física,
o ator incorpora os gestos, entonações e jeito tão peculiares do ditador alemão
e que, como era de se esperar, foram fruto de muito estudo de personagem,
levando o ator a estudar o sotaque da região onde o Führer nasceu e conhecer
pessoas que possuem a Doença de Parkinson, que Hitler portava.
Outro fator
que contribui para o sucesso do filme é a trilha sonora quase inexistente,
transformando a película - associada às excelentes atuações, além dos cenários
e figurinos bastante fieis ao período histórico - em uma obra quase documental.
Não impedindo,
todavia, de instigar discussões. A polêmica dá-se, em especial, pelo modo
humanizado com o qual o ditador é retratado e que, apesar de toda sua maldade e
psicopatia, ainda reservava tempo para fazer carinho no seu cachorro ou mesmo
mostrar empatia para com algumas pessoas próximas, como sua futura esposa Eva
Braun e com Goebbels, ministro da Propaganda do regime nazista. Alguns podem
tender a analisar o filme como uma tentativa de amenizar o lado maligno do
Führer, entretanto, a narrativa não se resume a isso, por expor sua forma
agressiva de lidar com seus subordinados e mostrar, em contraposição às
passagens do filme que ocorre dentro do bunker,
o caos no qual, do lado de fora, a Alemanha se encontrava. Mostrar Hitler como
um personagem que, por ser humano, tem as mais diversas nuances, apenas reforça
o aspecto da peça de arte, que é o filme, tentar ser fiel à visão que aqueles
que produziram o filme tem da realidade.
E é exatamente esse
livrar-se de preconceitos e tentar enxergar as pessoas e situações dos mais diversos
pontos de vista – sem, todavia, perder o bom senso ou ficar cego mesmo (e
devido) com tantas informações – que a apresentação de um filme como “A Queda”
torna-se extremamente interessante para os alunos e professores.
A sala de aula, seja
ela das escolas ou nas universidades, não pode e não deve tornar-se um bunker (instalação fortificada da
arquitetura militar), mas sim, ser um espaço democrático voltado para o diálogo
e transmissão de conhecimentos e valores, cujos professores não são ditadores.
Texto por Raquel Assunção
Apresentação no Prezi: http://prezi.com/opbvmmtfjmu8/copy-of-a-queda-as-ultimas-horas-de-hitler/?res_nr=3&sis=1813798866
Apresentação no Prezi: http://prezi.com/opbvmmtfjmu8/copy-of-a-queda-as-ultimas-horas-de-hitler/?res_nr=3&sis=1813798866
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